Nápoles, Palermo, ou Venezia. São muitas as cidades que contam a história do fenômeno migratório italiano. Mas no final, a cidade mais representativa devido ao seu porto de partida e entrada na Itália, Genova, foi a escolhida pelo Ministério da Cultura italiano (Ministero dei Beni Culturali) para acolher a sede nacional do MEI – Museu da Emigração Italiana, inaugurada neste dia 11 de maio de 2022.
Com o investimento de 3,5 milhão de Euro o Ministério da Cultura italiano junto com os governos das regiões da Ligúria e da prefeitura de Genova realizaram este novo centro museológico dedicado ao fenômeno histórico e atual da migração humana. Recordar essas histórias é a função deste museu que foi criado com mais de 40 convênios assinado com diversas instituições de pesquisa, arquivos de estado e associações italianas espalhadas pelo mundo. “Este não é um museu de Genova, mas de todos os italianos que lidam com a emigração. De todos os italianos que partiram, mas que continuam a guardar a Itália no coração. Um museu aberto a todos, a casa dos italianos que vêm do mundo para descobrir a história de seus avós que deixaram a Itália”, disse Nicoletta Viziano, Presidente da instituição Mu.MA (Museus de Genova).
“Há muitos anos, na primeira vez em que fui a Ellis Island, em Nova York, pude vivenciar as emoções extraordinárias que aquele lugar proporciona e imediatamente pensei por que não existir um museu como aquele na Itália. Então imaginamos que a Itália deveria criar um lugar importante, digno das histórias extraordinárias de nossos migrantes”, disse na inauguração do MEI, o Ministro da Cultura da Itália, Dario Franceschini. “A escolha recaiu sobre Genova – acrescentou – pelo que representava e o que ainda é hoje para a história da emigração. A criação de um lugar único, cheio de interatividade que será capaz de reviver as esperanças, as dores, os sacrifícios, as histórias dos emigrantes italianos que não podem ser esquecidas, que devem ser lembradas e transmitidas às gerações futuras. Um lugar importante para o país”.
“Quando um museu é dedicado à emigração italiana, a memória fixa-se no nosso presente, na história das nossas origens, de que somos filhas e filhos – explicou Pina Picerno, vice-presidente do Parlamento Europeu presente à inauguração. “Somos filhas e filhos dos processos migratórios, da dor e da esperança, da desilusão e da busca de um lugar melhor, da busca da felicidade. Também por esse motivo, o MEI é um polo ativo de sentimentos que nos dizem, talvez mais do que qualquer documento ou tratado, o tema da nossa identidade italiana”.
“A palavra mais importante para descrever este projeto é compartilhar – destacou Paolo Masini, Presidente do Comitê Gestor do MEI – em seu discurso. Este é um museu feito de histórias, frequentado também pelos muitos pequenos museus de emigração para a Itália. Mas este é um museu de italianos no mundo. É o seu museu. Criamos mais de 40 memorandos de entendimento com o mundo inteiro, com muitas associações italianas ao redor do globo, tentando entender qual era a melhor maneira de contar essa história. Esta é a maior operação de memória coletiva deste país. O fenómeno da emigração é um fenómeno importante e creio que esta é a casa de todos. Esta será uma etapa fundamental para o Turismo de Raízes. E também há um objetivo pedagógico com as escolas, já que a imigração e a emigração são fenomenos naturais”.
Marco Bucci, prefeito de Genova, quis dedicar este projeto, em nome dos genoveses, “a todos aqueles que não são de Genova. Nossa cidade tem uma tradição, hospitaleira. Ele deu as boas-vindas a todos os que passam e que deixaram este país. Queremos que daqui haja memória e esperança para o futuro”.
O governador da Ligúria, Giovanni Toti, por sua vez, quis especificar como “se Genova tem uma alma, e tem, isso é feito por aquelas docas onde estavam as pessoas que estavam prestes a ir para o outro lado do mundo, ou em trazer de terras distantes as mercadorias exóticas primeiro à República Marítima, depois ao Reino da Itália e finalmente à República Italiana. Uma homenagem a todos aqueles que partiram com esta cidade no coração. E o MEI só poderia estar aqui, porque este não é apenas o MEI, mas é um museu que contém um pedaço da alma de Genova. Relembrar a história é um bom mapa para traçar o seu futuro”.
O novo complexo museológico instalado no antigo prédio do século 12 da “Commenda di San Giovanni di Pré” , que foi totalmente restaurado para abrigar o MEI, está distribuído por tres andares e divididos em 16 áreas temáticas, como família, trabalho, fluxos migratórios, história, discussão, racismo, emoções e tantas outras. O que traz, com a ajuda da tecnologia, uma realidade envolvente, interativa e multimídia em que o visitante, ao ganhar a sua pulseira-passaporte, poderá vivenciar diversas situações e interagir por meio de jogos, filmes, tablets, realidade holográfica e conhecer, reconstituir e entender a realidade das muitas histórias da migração italiana, desde o fim dos anos 18, até aos dias de hoje.
Um museu em movimento, como uma viagem, em que os visitantes, entre imagens e histórias, conhecerão um pouco do destino dos milhões de italianos que deixaram a Itália para uma nova vida em vários países, fazendo do MEI de Genova o mais importante museu de emigração italiana do mundo.
Luiz Marchesini