Escrevo hoje depois de um longo período sem nada postar no Blog “Vida e Itália” para retomar as atividades, afim de refletir a grande mudança pela qual nos propormos a passar ao tomarmos decisões radicais que mudam a nossa vida e a de nossos familiares por completo. Uma reviravolta 360 graus em busca de um novo caminho, um novo amanhecer, em busca da felicidade.
Como a mudança para um outro país, por exemplo, e tudo o que isso significa. Novos ares, novas culturas, adaptações à língua, costumes, pontos de vistas diferentes. Quando podemos resignificar valores, sentidos, nos introjetar em nós mesmos para buscar uma nova vida por completo. Como estivéssemos renascendo com a oportunidade de rescrever a nossa história em uma nova para nós e nossos descendentes.
Foi essa grande decisão a qual os nossos bravos antepassados italianos, os nossos noni, bisnoni, trisnoni no início do século, há cerca de 100 anos, tiveram ao decidir, com seus filhos e esposas atravessar o Atlântico em severas condições, em embarcações lotadas, percorrer milhares de quilômetros, por 14 dias, os quais muitos não resistiram, para chegarem a uma nova terra, desconhecida e tropical. Em que, com muita luta, muita garra construíram um novo lar, adaptando-se às precárias condições, devastando matas, construindo choupanas, se reinventando e criando soluções, técnicas e métodos que fizeram nascer diversas maneiras de subsistência, sem se afastar de suas culturas, que contribuíram para o crescimento do Brasil. Como os vinhos brasileiros, por exemplo, quando um deles trouxe uma muda da uva escondida no bolso e a plantou no sul do país.
Hoje os 30 milhões de descendentes ítalo-brasileiros que vivem no Brasil, muitos não se dão conta de que trazem no sangue a luta que seus antepassados tiveram, ao viverem em uma terra com pouquíssimas condições, com o calor, umidade, doenças tropicais em uma sociedade de 1900 culturalmente escravocrata. Mas que conseguiram vencer, com alguns montando grandes impérios, como os Tramontina, os Bauducco, os Colombo, os Matarazzo e muitos outros. Que souberam, na dificuldade, crescer e prosperar para que nós, descendentes, pudéssemos estar aqui hoje vivendo, batalhando, amando, enfrentando dificuldades, outros prosperando e muitos, retornando à Itália, fazendo o caminho contrário, para viver, reviver e repassar essa construção em busca do novo e de suas origens.
Dessa forma neste ano de 2019, quando se completam 145 anos da grande imigração italiana no Brasil, comemorados no dia 21 de fevereiro, venho honrar e reconhecer os nossos bravíssimos ascendentes, que além dos legados da hereditariedade, nos deixaram o direito de reconhecer a nossa Cidadania Italiana junto ao governo italiano, fazendo nos tornar efetivamente italianos, ou melhor, ítalo-brasileiros.
A qual, com a nossa diversidade sanguínea e cultural, podemos contribuir para uma nova Itália revigorada, com a nossa criatividade, espontaneidade, força de adaptação, empatia. Oxigenar a velha Itália, o velho continente europeu, com novas ideias, valores, trocas, relações, fazendo-os perceber a importância de se abrir ao novo, para a expansão, para a integração, para o intercâmbio de saberes e culturas, para a diversidade e as novas visões que ela traz. Novos ares trazidos pelos descendentes do século XXI.
E dessa maneira fortalecer um Mundo em que a união do ser humano é cada vez mais necessária. Um Mundo em que cada vez mais não existem fronteiras e que, de uma forma ou de outra, todos estamos conectados e somos um em uma grande família com desejos de evolução.
“A memória conta de verdade – para os indivíduos, para as coletividades, para as civilizações – somente se a mantivermos unida a projetos de futuro, permitindo-nos fazer sem que esqueçamos de quem fomos, de quem somos e de quem seremos, de nos transformarmos sem deixar de sermos e de sermos sem deixar de nos transformarmos”
Italo Calvino
” A União dos Tempos”
Carlos Bernardo González Pecothe
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